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Channel: TRIP // Trip Girls
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Extrapola, Annelyse

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“A fotógrafa me deu uma calcinha, um sutiã, uns patins e disse ‘se vira aí’.” E não é que Annelyse Schoenberger gostou da ideia?

Um patins, uma bicicleta, um maiô transparente. Como você vê, Annelyse Schoenberger não precisou de muito para protagonizar um dos ensaios mais quentes dos últimos tempos da Trip. Bastaram as três coisas, seu rosto aristocrático e seu know-how de modelo, que faz com que ela saiba exatamente o que fazer diante de uma câmera, e... voilá. Bem verdade que Autumm Sonnichsen, uma das fotógrafas prediletas da casa, ajudou. Com sua voz doce e sotaque de gringa pedia para a moça abaixar o maiô (Ah, esse maiô...) como quem pede para alguém passar o açúcar na mesa.

Anne, como é chamada no circuito da moda, chegou tímida à Granja Viana, na região metropolitana de São Paulo. “Passavam uns carros buzinando, gente gritando coisas indecentes, umas criancinhas de 12 anos pedindo foto e eu de peito de fora. Ai que vergonha que me deu.” Nem parece.

Ela faz de tudo para me convencer de que é uma moça correta. Diz que bebe no máximo um vinho, que nunca sentiu a garganta arder com um shot de tequila (meninas adoram tequila) e que drogas experimentou uma vez para nunca mais. “Ir para a casa de um cara na primeira noite nem pensar”, sentencia.

Sua biografia tem os capítulos clássicos de quase toda top brasileira: é do Sul do país, foi descoberta por um olheiro em um shopping, achava-se magrela na infância, nunca pensou em desfilar e hoje provoca catarses passarelas afora. Do alto de seus 23 anos e 1,76 m, reflete sobre si própria: “Me sinto uma menina se tornando mulher. Sou moleca ainda. Quero muito deixar de ter dúvidas, falar diferente, ser madura de verdade”.

Seu coração pertence a Flávio e a Nicolas. O primeiro é o maridão, gêmeo do Gustavo e ex-participante da Casa dos artistas 3. Os dois conheceram-se pelo Orkut. Flávio foi se aproximando aos poucos, do jeito que a moça gosta. Um scrap, um telefonema, um jantar... E os dois seguem felizes para sempre. O outro é a adorável cria do casal, hoje com quase 2 anos de idade.

Annelyse veio até a Redação aprovar as fotos. Frente a frente, tento enxergar algum defeito em seu design made in Blumenau. Não foi dessa vez. Ela manda de seu BlackBerry algumas fotos para Flávio, que responde: “Está linda”. Você, aposto, assina embaixo.


Katy Cee

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O fotógrafo inglês conhecido como Thedirtystory não se contenta em fotografar suas modelos. Ele entra em cena, toca, puxa, provoca. Mas de exibicionista não tem nada. mantém seu nome e rosto sob sigilo e só revela o essencial: a beleza das mulheres que fotografa, como a bela inglesa Katy Cee

A inglesa Katy Cee não está sozinha... Um intruso toca nela, puxa, clica, participa sem a menor vergonha. Imagens que lembram fotos que namorados tirariam numa tarde animada trancados no quarto. Mas não é o caso.

Inspirado pelo videogame e pelo pornô amador, o fotógrafo inglês que se autodenomina Thedirtystory é o X desta história. Anônimo por opção, não quer colocar sua reputação de funcionário público em risco. Fotógrafo por hobby, seu ganha-pão oficial nada tem de sexy: “Trabalho com hospitais públicos e é uma posição importante. Também tenho família e agora uma filha”. Explica o porquê de manter em sigilo seu nome e seu rosto quando está fotografando e se divertindo com uma loira como Katy Cee.

Já são cinco anos de ensaios ocultos. E, se a história parece sujinha no nome artístico, ele garante que a realidade é diferente: “Algumas pessoas olham minhas fotos e acham que eu sento e fico lá apalpando as garotas, mas não é bem isso. Fazemos um acordo quanto aos limites, e as imagens são o reflexo da minha interação com ela e, espero, do clima da sessão. Nenhuma das garotas que fotografei era minha amiga antes das fotos”.

Katy, por sua vez, não conhece outro fotógrafo com método semelhante e diz que não permitiria a mesma liberdade a outro. “Amo fotografar com Thedirtystory. É 80% dando risadinhas, 11% tirando fotos e 9% dançando hip hop de um jeito bobo”, descreve a loira animada.

O método não ortodoxo de registrar as curvas femininas veio de inquietações de Thedirtystory: “Odeio poses. Odeio a moda e odeio fotografia de moda. Não me entenda errado, amo isso tudo também. Mas odeio mais. Quero que minhas imagens pareçam reais, cruas e despretensiosas, e isso é impossível se a modelo está posando e fingindo ser algo que não é”. Além de encostar nas damas, o recém-pai gosta de refletir entre os cliques: “Tiro fotos com carga sexual, mas não acho que sejam pornográficas ou de mau gosto. Faço fotos ocasionais de mulheres nuas, mas não me considero esse tipo de fotógrafo”.

Talvez as histórias não sejam mesmo tão sujas quanto o codinome do fotógrafo sugere e a atmosfera do ensaio não tenha sido tão íntima quanto possa parecer. Mas o que Katy Cee e o artista não conseguirão negar é que uma mentira repetida em mil poses pode acabar se transformando em verdade...

 

Tabatha Fher

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Num sábado ensolarado, a cantora capixaba Tabatha Fher tira a roupa no meio da cidade, toma água de uma fonte na beira da estrada, entoa standards enquanto troca a calcinha e declara: “Olha pra mim. Estou no ápice!”

Melhor imaginar Tabatha em todas as suas possibilidades.

Ela, bebê, nascendo há 23 anos em Linhares, no Espírito Santo. O médico virando para a mãe e dizendo que tinha um choro afinado.

Gosto de imaginá-la também aos 19 anos, no lounge do Hyatt de Tóquio, no 28º andar, de longo e batom vermelho – “tinha um stylist!”, conta, com os olhos brilhando –, cantando bossa nova para George Clooney e Kaká, tomando Dom Perignon, machucando geral os corações presentes e a cidade brilhando aos pés dela. Um espécie de Bond Girl B – não a femme fatale principal, mas aquela que você vê em segundo plano, dá alguma ajuda a 007, acaba salvando a vida dele, e você sai do filme a achando mais linda que a Halle Berry. Aos domingos, a única folga, ela pegando a bicicleta e andando por Tóquio, arranhando japonês, se perdendo pelas ruazinhas.

Sentada na mesa na casa dos pais dela, comendo a moqueca capixaba da dona Noranei – “Minha mãe tem nome de cantora!”. Ela sabe fazer o prato agora e faria para você se quisesse te conquistar. Eu perguntei se existe algum segredo para fazer a tal da moqueca, e ela, com uma cafonice completamente sincera: “Muito amor e carinho”.

E, com 22 anos, descabelada e de canga, cantando descalça nos barzinhos de Caraíva, se apaixonando pelos garotos da praia. Ela indo pra passar três dias, e ficando três meses, cantando e tomando água de coco. “Cantei em todos os palcos daquele paraíso... cantei pra lua, pro mar, pras estrelas.”

Acordando no apartamento aqui em São Paulo, que ela divide com uma amiga, ligando o som, tomando um copo de água, esquentando o pão, lendo o horóscopo na internet, olhando pro verde que se vê pela janela, pegando ônibus para trabalhar numa produtora de música brasileira.

Mas a Tabatha de que mais gosto é a que conheci num sábado ensolarado recente, no dia em que, diz ela, fez sua maior aventura até agora. Tomando água da fonte de um condomínio X na beira da estrada. Cantando trechinhos de standards enquanto trocava de calcinha, com aquela voz rouca dela, cheia de fumaça e extremamente clara ao mesmo tempo. Suja de melancia no deck (sim, é a fruta predileta dela), cuspindo as sementes, lambendo o braço, o sorriso bobo de quem vira criança novamente, só por 1 minutinho. Sentada no buggy, os cabelos ao vento (queria que ela dirigisse, mas ela só sabe dirigir carro automático). E deitada na cama de ferro, se espreguiçando, os olhos escuros cheios de fome. A fome de ser linda, de viajar, de cantar, de brilhar e principalmente a fome de se tornar mulher.

Depois do ensaio, no jantar, perguntei o que ela achou, se ela se sentiu bem, essas coisas. Ela joga o talher dela na mesa com uma força que chacoalha a taça de vinho branco: “Olha para mim! Eu tô no ápice!”.

Maria Tyndeskov

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A modelo dinamarquesa Maria Tyndeskov faz seu primeiro ensaio sensual e nos manda um e-mail para contar como foi: “Será que vocês vão me achar esquisita por ser diferente das brasileiras?”

----------- Forwarded message ----------

From: Maria Tyndeskov

Date: 2011/4/19

Subject: about the shoots

To: redacao@trip.com.br

Hey, pessoal da Trip!

Bom, vocês pediram para eu falar sobre o Brasil... Na verdade, sei muito pouco sobre o país. O clima é bom, não é? Aqui na Dinamarca o céu é cinza praticamente o ano todo. Ah, vocês gostam também de futebol e ganharam a última Copa do Mundo! Acertei? Eu adoraria passar férias por aí, pegar um bronzeado numa praia legal... quem sabe um dia?

Sobre as fotos, quando me pediram para posar sem roupa eu fiquei na dúvida. Mas Tina, a stylist, me deu confiança. Disse que usaríamos uns maiôs e biquínis lindos, bem sexy, e o lugar que Jens escolheu, no campo, era realmente incrível. Acabei topando.

Começamos no jardim de uma casa abandonada e depois fomos para a praia. Não havia ninguém, o que foi bom, pois às vezes tendo a ser meio tímida. O cara da maquiagem ficou bastante tempo passando creme no meu corpo para que ele refletisse mais luz. Levou séculos, mas era gostoso, quase como uma massagem. Queria ter alguém para fazer isso em mim todos os dias.

Foi muito divertido posar para uma revista estrangeira. Será que vocês vão me achar esquisita por ser diferente das brasileiras? Normalmente, quando faço trabalhos de moda, uso mais roupas, mas foi muito interessante brincar pelada na natureza e tentar ser sensual e romântica para a câmera. Fizemos muitas fotos. Jens é muito rápido clicando e me pedia para fazer posições diferentes o tempo todo. Me deu vontade de fazer xixi uma hora e como já estava pelada só abaixei e deixei rolar =) Acho que Jens e o resto da equipe nem perceberam.

Trabalho como modelo para me ajudar a pagar a faculdade de medicina em Copenhague. Preciso da grana, então espero que continuem rolando trabalhos. Fora isso, ser modelo me proporciona várias novas experiências como essa de ficar pelada pela primeira vez, no meio do campo. Fun, fun, fun... Adoraria fazer de novo.

Não sou casada ainda, mas quero ser um dia. Por enquanto, estou OK com meu namorado. Sou muito ocupada com meus estudos e quero ser tão boa no que faço que não tenho tempo para um homem e uma família agora. Quando meu namorado viu as fotos, ficou com um pouco de ciúmes porque ele não pôde acompanhar a sessão. Para consolá-lo, acho que vou deixar ele praticar fotografia comigo na natureza qualquer dia desses. =)

Acho que é isso, gente. Beijos pra vocês.

M

Cris Saur

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Depois de ser clicada no mundo todo, a modelo gaúcha decidiu ser diretora de cinema. Trip orgulhosamente apresenta Cris Saur, em seu primeiro ensaio sensual

Um velhinho fazendo ioga pelado em um parque de Berlim. OK, essa não é exatamente a melhor frase do mundo para abrir o texto de uma Trip Girl. Mas é que foi graças a essa cena atípica, nada afrodisíaca, que a modelo gaúcha Cris Saur topou, pela primeira vez na vida, tirar toda sua roupa para uma câmera. Ela explica: “Estava passeando na cidade com minhas duas irmãs. Chegamos a um parque e a primeira coisa que vimos foi esse velhinho peladão fazendo a posição da árvore. Pensei: se ele estava fazendo aquilo, posso fazer o que eu quiser, não acha?” Pronto, agora esqueçamos a imagem do tiozinho iogue e naturista.

Cris chegou à redação numa segunda-feira radiante, recém-desembarcada do Rio de Janeiro. A ideia era que batêssemos um papo num restaurante árabe próximo. Vestia calça jeans, uma malha justa preta (aparentemente sem sutiã por baixo) e um All Star da mesma cor. Pendurado no pescoço, um pingente de um trevo de quatro folhas, presente de uma amiga. Os olhos talvez azuis, talvez verdes, estavam escondidos atrás de um Ray-Ban estilo aviador. Os cabelos, loiros, repartidos ao meio e escorridos na cara. O visual típico de uma modelo fora da passarela.

“Um kebab de cordeiro, por favor”, pediu para o garçom. “Sou do Sul, jamais seria vegetariana.” E começou a contar sua história, cujos primeiros capítulos não são difíceis de adivinhar. Como toda boa modelo brasileira, nasceu no Rio Grande do Sul, mais exatamente em Panambi, a noroeste do Estado. Esguia e desproporcional, era o patinho feio da turma. Depois a puberdade se encarregou de acertar suas medidas, e Cris passou a arrasar os quarteirões da pacata cidade de 30 mil habitantes. O primeiro beijo foi aos 12. “Não tinha nada para fazer, as coisas aconteciam antes lá. Mas foi horrível, fiquei toda babada depois.” O primeiro namorado, aos 15, assumido na festa de debutante. Um ano antes de completar a maioridade, mudou-se com a família para Porto Alegre, onde entrou no curso de engenharia civil da PUC. “Imagina eu com régua, calculadora HP, pastas gigantes...” Imaginou?

Na sala de aula, eram só ela e duas meninas, rodeadas por 70 marmanjos sedentos. “O pessoal dava em cima, né”, conta rindo, “mas não tinha muita opção também. Eu não me incomodava, achava graça só.” Um deles acabou ganhando o posto de namorado, ocupado por cinco anos, até que a vida de modelo internacional entrou no meio. Morou em Santiago, Miami, Londres, Munique, Nova York... Atualmente, fixada em São Paulo, está “enrolada com alguém que não posso dizer o nome”. Entre os casos passados, está o ator Bruno Gagliasso, mas este também é um assunto que ela não quer entrar. E, sobre drogas, podemos falar? “Já fumei maconha, experimentei outras coisas, mas não gostei. Sou muito curiosa, foi só por isso. Meu único vício é café. Ah, antes era viciada em Nutella também.”

Ela faz cinema

Cris não vai ficar aportada aqui por muito tempo. Em outubro, a top parte para Nova York novamente, onde fará um curso de direção de cinema. Ela já assinou o roteiro de Viúva negra, curta-metragem disponível no YouTube em que ela também atua. “Sou alucinada por cinema. Gosto do europeu, mais cult”, diz. Às quintas-feiras, ela frequenta um grupo de estudos que analisa o a obra dos grandes mestres. Atualmente, estão debruçados sobre Wong Kar Wai. Já ticaram Godard, Truffaut e Fellini da lista e o próximo será Eric Rohmer. “Estou escrevendo um roteiro que vai ser como um sonho, em que você não sabe se está dormindo ou acordado. E ele acaba do nada, sem mais nem menos”, conta. “Mas é só isso que tenho, não há uma história ainda.”

Tudo bem, então Cris. A gente inventa uma sinopse:

Você é rico, está passando as férias em uma de suas várias mansões. Jogado em sua poltrona favorita, você lê esta Trip com os pés apoiados na mesa de centro. Por um impulso inconsciente, resolve abaixar a revista. Na sua frente, a lareira, os livros na estante, o jarro com as plantas murchas e...uma loira. De meia-calça, batom vermelho, salto alto e nada mais, ela brotou em sua sala de estar. Te olha com cara de você sabe o que, se esfregando manhosa na mesa, enquanto brinca com o cabelo. Ela agora vai em sua direção, engatinhando, até que...

Amanda Miranda

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Ao natural, a modelo, triatleta e nutricionista Amanda Miranda, 27 anos, tem saúde de sobra. Sem trocadilho

O rosto é suave, de uma placidez quase angelical, e os gestos comedidos, bem-educados. A serenidade de Amanda é resultado de sua total transparência e sinceridade – e de uma postura equilibrada, aparentemente sem segredos. Mas quando o assunto ultrapassa a barreira do habitual, do “seguro”, é possível notar uma ligeira alteração na cor da pele, um calor subliminar, que de repente se mostra na curva das maçãs e a torna ainda mais bonita.

Vem daí, talvez, a desenvoltura dessa modelo/triatleta/nutricionista de 27 anos, ao posar só de calcinha. Diante das lentes, sua porção modelo se sobressai – mais que isso: sobressai seu lado menos reservado (ou que reserva apenas às famosas “quatro paredes”). O que era uma sensualidade contida torna-se uma atitude abertamente sexy, convidativa.

Tudo começou aos 15 anos, de acordo com o figurino: um olheiro a viu num shopping, ao lado da avó, e em pouco tempo ela vencia o concurso Ford Models. Seu mundo de bailarina dedicada ruía, enquanto começava uma bem-sucedida carreira de modelo, levando-a ao tradicional circuito Tóquio, Milão, Londres e Nova York.

A bicicleta – esse que para ela é um verdadeiro objeto de prazer – só cruzou sua vida há três anos. Nem sabia pedalar quando comprou a primeira, mas foi amor imediato. “Nada mais gostoso do que sentir a descarga de endorfina e adrenalina quando a gente pedala. E ainda tem a paisagem e a energia positiva dos amigos que treinam comigo”, assegura. Nada? E ela ri, mostrando os dentes perfeitos e um jeito de menina: “Não, claro, não chega a esse ponto”.

“Esse ponto” surgiu com o primeiro namorado em Itajaí, Santa Catarina. Ela tinha 16 e “foi tudo muito natural”. Depois de dois anos conheceu Arlindo, um empresário triatleta e passou a viver com ele. “Ele que estimulou esse meu lado ciclista, nadadora e corredora.” Hoje, separada há um ano e morando sozinha num apartamento nos Jardins, nem pensa em se envolver de novo. Por enquanto.“Ah, fico com uns garotos de vez em quando, mas nada me pegou de verdade.” (Quem acha que tem chances com a moça, pode tentar encontrá-la no D-Edge, aonde ela costuma ir para dançar música eletrônica.)

A nutrição é outra de suas paixões. Um acidente a levou aos estudos. Com medo de engordar (ela tem 1,77 m e pesa 60 kg), comia muito pouco, até que desmaiou no banheiro e ganhou uma pequena e atraente cicatriz no canto da boca. “Já gostava de medicina e saúde, mas optei pela nutrição a partir daí.” Aplicada, se formou e fez pós em nutrição funcional. Trabalha numa clínica de estética, atendendo atletas e pessoas com problemas de obesidade, anorexia, diabetes, hipertensão. Além disso dá palestras sobre alimentação saudável em empresas (é fácil imaginar a expressão dos funcionários que dão de cara com Amanda e sua – também bela – sócia, Bia).

Curiosamente, Amanda é alheia ao cicloativismo e morre de medo de andar de bicicleta: “A cada tombo eu digo pra mim mesma que nunca mais vou pedalar, mas não adianta, já virou vício, eu adoro esse esporte”. Para ilustrar os riscos que corre sobre o selim – ela treina duas vezes todos os dias, inclusive fins de semana – ela arregaça a manga e mostra o cotovelo, todo ralado. Tem também uma cicatriz no quadril, que mal dá para ver nas fotos, mas marca um acidente do tipo “caos total”, como ela diz. Há um ano também rompeu três ligamentos, quando se preparava para uma prova de triathlon endurance, com cerca de cinco horas e meia de duração.

Sua especialidade é o triathlon “short” – como o nome diz, mais curto, para o qual é preciso ter mais velocidade. São provas de alta intensidade: 750 m nadando, 20 km pedalando e 5 km correndo. No momento, além do mestrado sobre suplementação para atividade física, ela se prepara para correr a meia maratona de Buenos Aires em setembro, e antes, em agosto, o Troféu Brasil de “Short”. Sonha em casar e ter três filhos, mas não gosta de fazer planos. Ainda mais porque sua barriga é a parte do corpo de que mais gosta. Olhando as fotos, é difícil não concordar. Mas e as pernas? E as costas? E...? Só resta mesmo dizer, num misto de brinde à beleza e admiração: saúde!

Coordenação Geral Adriana Verani Produção Flavia Fraccaroli Estilo Drica Cruz/ABA MGT Produção de moda Mirtis Jurado Make&Hair Paulo Ávila Assistente de foto Bruno Vieira Créditos: American Apparel - Loungerie Intimates - Julia Aguiar

Mari Lima

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Mari Lima, pernambucana de 22 anos, jura por deus que é tímida – e que nunca foi sexy. nada mais longe da verdade, como provam as páginas a seguir.

A razão, ela conta: “me senti totalmente à vontade, foi um reencontro com a natureza” A não ser que você tenha algum tipo de fetiche ou tara específico, as coisas que a modelo pernambucana Mari Lima irá lhe dizer não soarão, a princípio, muito sexy. Ela vai à igreja todos os domingos, em qualquer cidade do mundo em que esteja trabalhando. Ela joga futebol melhor que muito rapaz, do tipo que dá olé. Ela coloca a família sobre todas as coisas e não dá muita bola para sexo. Ela botou silicone no peito, “porque antes eu nem me sentia mulher”.

Mas o desinteresse de Mari em soar sexy – em construir uma imagem de glamour e erotismo, em dizer aquilo que seu interlocutor gostaria de ouvir – é o que, paradoxalmente, a torna tão sexy ao vivo, falando sobre sua vida em um café de Pinheiros, São Paulo. Em um universo dominado pelas aparências e declarações controladas, como o da moda, ela é um animal cada vez mais raro: um ser autêntico. Mari sabe que lugar de fazer pose é na passarela ou no estúdio. E só.

Mariana Lima nasceu há 22 anos em Petrolina, interior de Pernambuco, e cresceu se revezando entre a fazenda da família e o apartamento de veraneio em Salvador. Na chácara, vivia como um bicho do mato, ao lado dos dois irmãos e da irmã, nadando no rio São Francisco, tirando leite de vaca, montando a cavalo, brincando com seus três cachorros, dois coelhos e dezenas de tatus que sua mãe criava. Era daquele tipo que os meninos viam como um amigo, como um igual – até perceberem, talvez tarde demais, que a menina mais legal da cidade era também a mais bonita.

Como toda modelo que se preza, ela sofreu aquele “bullying light” na adolescência por conta da magreza e da altura. Em seu caso, os apelidos mais usados eram “sopa de ossos” e “gigante”. Seu sonho era ser cantora ou apresentadora de TV. Passava os dias cantando “Nem o sol, nem o mar, nem o brilho das estrelas...”, famosa na voz de Beto Guedes. Mas ela mesmo admite que não era das mais afinadas. Talvez para interromper a cantoria, seus amigos a incentivaram a participar de desfiles na cidade. As imagens caíram nas mãos de uma produtora de moda de Recife, que a convenceu a se profissionalizar como modelo. Aos 15 anos, com 1,79 m e 57 kg, Mari teve que emagrecer 8 kg – para os padrões de seus amigos de Petrolina, ela era magricela, mas não para os da indústria da moda.

Seis meses depois, ela estava morando em São Paulo, longe da natureza e da família. E foi apenas a primeira parada. Sua beleza morena, que lembra a de Fernanda Tavares, logo a levou para desfiles internacionais: Paris, Milão, Nova York, Hong Kong, Cingapura, África do Sul etc. No ano passado, com uma carreira estabelecida em São Paulo, ela decidiu se mudar de vez para Nova York, para tentar chegar ao topo de sua profissão. “Minha referência é a Gisele Bündchen. Eu quero fazer Victoria’s Secret, quero ganhar um bom dinheiro. Quando eu tiver 28, 29 anos, eu paro de desfilar e faço uma faculdade, talvez nutrição ou gastronomia.”

A correria da vida de modelo e principalmente o fato de ser uma moça de família, religiosa, significaram uma vida afetiva e sexual pouco agitada até aqui. Ela teve apenas um longo namoro e perdeu a virgindade com 20 anos. “Foi legal, foi tranquilo. Sexo é bom, todo mundo precisa. Mas não sou das que precisam muito”, avisa Mari, que está solteira neste momento. “Eu me sinto carente às vezes, mas viajo muito e não tenho paciência para ficar brigando por Skype. Sou muito assediada, mas em geral passo reto. Meu sonho é casar na igreja, ter filhos. Mas não sonho com príncipe encantado, não. O cara nem precisa ser bonito. Mas se for feio tem que ser muito gente boa”, ela diz, rindo.

As fotos que você vê aqui são o primeiro ensaio sensual feito por Mari. “Eu me senti totalmente à vontade, não só porque a equipe foi legal, mas porque foi um reencontro com a natureza. Só vou me sentir um pouco envergonhada de mostrar para meu pai, que é um cara sério. Mas ele sabe a filha que tem.” Para Mari, a melhor parte do ensaio foi fotografar com os cachorros para a capa da revista. “Deu saudade do meu, o Chico, um shih-tzu, que está em Salvador com meus irmãos. Adorei os cachorros do ensaio, eu estava sem roupa e eles ficaram me arranhando, foi bem gostoso.” Às vezes, Mari também sabe falar coisas que soam sexy. Mas ela jura que não é provocação.

 

Coordenação Geral Adriana Verani Produção Flavia Fraccaroli Estilo Drica Cruz/Abámgt Produção de Moda Mirtis Jurado Make&Hair (ensaio) Paulo Ávila Make & Hair (capa) Agnes Mamede/Capamgt Assistente de Make Ana Freitas Assistente de Foto Bruno Bralfperr e Ines Bonduki Créditos American Apparel - Nutrisport - Rosa Chá Lingerie

Bruna Lombardi

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Bruna Patrizia Romilda Maria Teresa Lombardi. Os muitos nomes são poucos para dar conta das várias mulheres que existem em Bruna Lombardi: extrovertida e reservada, hiperativa e focada, escritora admirada e um dos maiores símbolos sexuais do Brasil... Mas todas elas têm em comum a beleza avassaladora, que desafia o tempo, como prova este ensaio feito para as lentes de seu marido, Carlos Alberto Riccelli

Bruna. Bru-na. A simples menção do nome já causa certa agitação interna. A tônica num “u” aveludado quase força uma expressão de súplica. É preciso ajustar as sobrancelhas para que a pronúncia saia neutra, desarmada de tudo o que significam aquelas duas sílabas.

Não seria exagero dizer que Bruna Lombardi é o maior símbolo sexual brasileiro. No mínimo poderíamos colocá-la como uma das três BBBs – Bruna, Brunet e Bündchen, da mesma forma que na música clássica se junta Bach, Beethoven e Brahms num único suspiro de admiração. (Ou Beatles, Beach Boys e Byrds, diriam outros.)

Bruna, especialmente, sugere música, som. Quando ela surge na sala de sua bela casa no Morumbi, muda alguma frequência no ar. Ela está simples, jeans, uma blusa leve, cabelos soltos. Se havia alguma tensão, ela se desfaz com sua naturalidade. Em pouco tempo o visitante se sente próximo daquela figura até então inatingível, mítica.

“Nada do que é currículo em escola é fundamental. Escola deve ser inspiradora, estimular a imaginação e não a repetição”

Agitada com os mil lançamentos de seu novo filme, a comédia Onde está a felicidade?, ela diz que mal tem dormido, o que explica os óculos escuros. Mesmo assim está radiante, como uma menina. Ninguém diria que tem 59 anos e um filho, Kim, de 30. O corpo cultivado por anos de ioga se aconchega felinamente no sofá. Ela abre um sorriso e começa a falar.

“É louco fazer um trabalho que provoca essa reação intensa de alegria; o retorno de público tem sido enorme.” No filme, dirigido pelo marido, Carlos Alberto Riccelli, ela faz uma apresentadora de TV casada com o xará Bruno Garcia. Seu programa é de culinária afrodisíaca. Ansiosa, engraçada e sexy, lembra uma heroína de Almodóvar.

“Eu sou bem palhaçona no dia a dia. Eu imito todo mundo, pego o jeito da pessoa”, diz, divertindose consigo mesma, enquanto abraça as pernas contra o peito. “Desde menina eu tenho essa veia humorística, meus amigos sempre me dizem para parar de fazer heroína romântica.” E então tira os óculos, revelando os olhos azuis-piscina, límpidos, transparentes, sinceros: “Não acho legal falar com uma pessoa sem olhar nos olhos dela”, explica, com um sorriso. Nem precisava.

No filme ela pega o marido num chat erótico. “Eu nunca encostei nela”, ele diz. Não é, claro, o suficiente. Depois de uma cena explosiva, resolve dar um tempo e fazer o caminho de Santiago de Compostela. Ainda que ela tenha escrito o roteiro, na vida real é bem diferente: “Não sou do ciúme. Nunca fui ciumenta com namorado nem amiga. Não é nossa marca. A gente tem um nível de cumplicidade em que essas coisas parecem muito bobas”, explica.

A cumplicidade já dura mais de 30 anos, desde que se conheceram no Xingu, nas gravações de Aritana, novela da extinta TV Tupi. “A gente estava no meio daquela mata exuberante, ele seminu e eu com um biquíni sumário. Era um lugar mágico de ponta a ponta, e nós éramos Adão e Eva.”

Riccelli a dirigiu em outros dois filmes, O signo da cidade (2007) e o independente Stress, Orgasms and Salvation (2005), feito em Los Angeles, onde moram a maior parte do tempo. A sintonia parece mesmo forte. É só olhar para essas fotos. Bruna volta a ser Eva. Afeito a seus caprichos, Adão a desnuda com uma câmera. Só que nesta história não há expulsão; o paraíso continua.

“Crescemos juntos de uma forma que ficou interessante pros dois, o tesão continua muito presente, o sexo cada vez melhor. É simples: se tá bom a gente fica, se não tá bom procura outras paragens. E a gente nunca entrou em crise. A gente se pega de frente mil vezes, mas já sabe como resolver, com o tempo você fica mais paciente, mais sábio, e a sabedoria é um grande bem. Nunca pensei que eu fosse ficar com alguém na minha vida. Era uma adolescente cheia de paixões, mas sempre achei que seria uma mulher sozinha. Eu não tinha o sonho de casar quando era criança.”

“Eu e o Riccelli crescemos juntos de uma forma que ficou interessante pros dois, o tesão continua presente, o sexo cada vez melhor”

Sobre posar nua, parece ser uma questão de timing, de estar no momento certo. Foi assim com a Status, em 1980, e a Playboy, que teve de esperar anos para tê-la na capa, em 1991. “Sexo e erotismo são coisas muito importantes na minha vida. Agora tenho horror de vulgaridade, de obviedade, não combina comigo, tem lugares a que eu não iria”, deixa claro.

A literatura tem certo papel em tudo isso. “Eu tinha acabado de ler a náusea, do Sartre, e aí comecei o Sexus, do Henry Miller. A partir daí, não quis mais outra coisa. O Sexus me salvou da Náusea” [risos]. Seu livro O perigo do dragão (1984), um dos sete que escreveu, é todo feito de poesia erótica. Até hoje faz sucesso, com mil citações na internet. É muito revelador de seu espírito. O próprio ato de escrever sugere uma Bruna de desejos intensos, povoada de fantasias, mas que prefere manter certa reserva.

Carlos Alberto Ricelli

Bruna Lombardi

Bruna Lombardi

“Sou mesmo reservada. Muitas e muitas vezes na vida me apaixonei por um cara que nunca soube. Eu nunca cheguei perto de um menino na vida, se o cara não toma a inciativa morre comigo. Acho legal a mulher que vai lá e pega, mas eu não sou assim, não me acho nem contemporânea, é estranho. Mas não sou tímida. Acho que tenho forte essa coisa do yin e yang. Por um lado sou extrovertida, expansiva, doadora, solar, carismática. Bem italiana. Mas tenho outro lado tão importante quanto esse, que quer sumir, quer ficar num canto escrevendo.”

Física quântica

Foi modelo a partir dos 14. Depois, fez ao mesmo tempo, uma de dia e outra de noite, faculdades de jornalismo e publicidade. Como em seu poema “Roupa íntima”, ela tem “sido muitas mulheres”. Rindo, lembra: “Olha o meu nome: Bruna Patrizia Romilda Maria Teresa Lombardi. Um amigo me disse: mas ainda é pouco nome para tantas mulheres. Nossa, será que eu sou tão esquizofrênica assim?”.

“Eu sou mais curiosa que qualquer outra coisa. Eu tô sempre em alguma atividade extraordinária, imprescindível, que eu preciso saber tudo dela [risos]. Quando eu mergulho, mergulho com todos os meus interesses. Eu nunca molhei o pé. Não sei o que é fazer só um pouquinho. É da minha natureza. Eu tenho de desbravar aquilo de forma completa, como se fosse a história da minha vida. Pode ser qualquer coisa.”

Esse qualquer coisa inclui física quântica, Fritjof Capra (autor do famoso O Tao da física) e o novo guru, o também físico Nassim Haramein, um interesse inesperado que divide com o filho (“Eu e o Kim somos muito ligados; a gente pensa muito parecido”). “Se eu tivesse nascido com dom matemático provavelmente teria sido física nuclear, é o máximo que a gente pode estudar na vida. Nós vivemos dentro de uma convenção mensurável, mas a realidade é imensurável. Coloca esse meu pensamento na educação: você é um ser em expansão, você não deveria caber num lugar que é menor que você por causa de um controle social.”

Filha do diretor de fotografia italiano Ugo Lombardi, que ajudou a criar a companhia cinematográfica Vera Cruz, e da atriz austríaca nascida na Turquia Yvone Sandner, Bruna estudou no colégio Dante Alighieri, um dos mais tradicionais de São Paulo. Mas seu pai certa vez lhe disse: “Minha herança pros meus filhos é a liberdade”.

Nessa liberdade ela foi educada e assim educou o simpático Kim, formado em teatro, músico e assistente de direção do pai. “Sempre achei que eu nunca devia poupar ele de 

experiências, achava que ele devia ir a um show de música, mesmo que no dia seguinte não fosse à aula. Nada do que é currículo em escola é fundamental. Você tem de aprender a pensar, e os professores têm de perceber seu ponto de vista, para onde orientar melhor seus dons. Escola deve ser inspiradora, estimular a imaginação, a criatividade e não a repetição, os testes de memória.”

Bruna tem a fórmula definitiva para a questão: “Educação é amor, amor que se estende a tudo, não só a teu filho ou família. A vida é uma longa lição de humanidade, e a descoberta do amor faz parte disso”. Quem há de negar?


Muito amor pra dar

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Sem pensar em dogmas e modelos convencionais de relacionamento, há um grupo cada vez maior de pessoas interessadas em aceitar um modelo de amor mais amplo. Amigos, amantes, namorados... são palavras que não vão definir uma turma que, simplesmente, se ama. Passamos um fim de semana com Bela, Renata, Marcela, Anne, Alfredo, Fran e Luiz para mostrar que cara tem o Amor Revolução – uma causa um modo de vida, que, para eles, não tem mais volta

 

Poderia ser mais uma balada na vida de Luiz. Fugaz, etílica... normal. Mas naquela noite, há cinco meses, uma cena nada previsível mesmerizou o rapaz mexicano radicado em São Paulo. Um grupo de pessoas fundia-se em uma massa compacta, fluida, vagarosa. Difícil contar quantos na turma, de tantas pernas e braços entrelaçados. Olhos fechados, corpos deslizando uns sobre os outros – moças, rapazes... pessoas. Era uma farra hedonista, uma baguncinha, um convite à sacanagem? Luiz sentiu que não. “Mexeu demais comigo. Tinha uma pureza de carinho, uma energia muito linda”, ele conta e confessa, “eu queria muito entrar ali, mas não sabia se dava.” Só precisou chegar perto. Bela, uma das damas encaixadas no grupo, puxou Luiz para o miolo. E ele nunca mais saiu.

“Eu sempre me considerei um especialista em abraço”, elabora deitado, enquanto recebe cafuné de duas garotas, “mas no Brasil as pessoas são muito travadas. E eu estava entrando nessa. A melhor coisa foi conhecer essas pessoas. Hoje me assumo como sou. Foda-se o que os outros vão pensar.” Soa estranho, inclusive, escutar uma autoafirmação tão decidida. Afinal Luiz não é gay, não é bi, não está em busca de putaria nem se preocupa com o rótulo (ou a fama) de hétero. E é exatamente isso que ele bate no peito para assumir: ele gosta de carinho.

Ele e, no fundo, todo mundo. Mas é raro achar quem “saia do armário” como essa turma. Estamos em sete, bem acomodados em uma quitinete do edifício Copan, centro de São Paulo. É a casa de Alfredo Toné, ou Alfreedom, como assina por aí, e Isabela Alzira, a Bela, sua... namorada? Não importa, no fundo. Antes de qualquer alforria sexual, é dos conceitos e das amarras linguísticas que eles buscam independência. E foi em torno do “casal” que os demais naquela sala gravitaram para se conhecer. Ou melhor, em torno das performances que os dois promovem em festas e nos cursos de contato e improvisação oferecidos por eles na Casa Jaya – espaço ecocultural na Vila Madalena.

Por caminhos diferentes, Bela, Alfreedom, Marcela, Luiz, Renata, Anne e Fran – a turma fotografada aqui – acabaram dentro daquela turba sensorial, apropriadamente batizada por eles de amoreba – a ameba do amor. “Para muita gente é difícil entender que isso não é um surubão”, Alfredo diz, mas a frase poderia sair da boca de qualquer um ali. “Parece uma orgia. Mas nós temos um elo coletivo, de amor. E isso é o mais importante. Claro que no meio de uma amoreba vão se formando situações mais sexuais, mais tesão aqui ou ali. Mas não tem afobação. É tudo muito natural.”

A amoreba “estendida”, por assim dizer, é muito maior do que os sete citados aqui. É uma rede de amigos, pessoas que se conectaram em festivais, festas, aulas, viagens. “Uns 300!”, chuta Bela, sem o menor critério estatístico. Pessoas, presentes em maior ou menor grau, que compartilharam não apenas uma dança coletiva coladinha, mas experiências de amor, nudez e sexo que as libertaram como nunca. Ciúmes, padrões estéticos e a própria ideia de amor romântico, exclusivo, são inevitavelmente colocados em xeque. E a medida final para que alguém assuma seu papel nesse difuso e bem conectado corpo coletivo é simples: a felicidade que tal entrega, tal desapego, gera. Marcela, estudante de psicologia, descobriu sua turma há poucos meses. Mas já tem articulado um pensamento claro, bem simples, sobre o que o grupo representa em sua vida.

“A primeira vez que fiquei nua para entrar em uma cachoeira, eu hesitava. Reparava no corpo dos outros, pensava no meu corpo. Mas depois eu percebi que isso era tudo meu. Que os outros não estavam me enxergando assim”, e conclui, sucinta: “Quando você está sem roupa, você se pergunta quem é de verdade”. Alfreedom completa: “Em geral as pessoas só ficam nuas para tomar banho ou transar. E tem gente que acha que achar nudez normal é coisa de maluco...”

 “Em geral as pessoas só ficam nuas para tomar banho ou transar. E tem gente que acha que achar nudez normal é coisa de maluco...”

Mas a mera nudez é só um passo nesse imapeado caminho do amor fagocitoso. Desafios, e recompensas, maiores estão em aceitar que dá para amar muitas pessoas, transar sem segredos e mentiras. “A gente vive preso em uma ideia romântica, possessiva de amor. Eu descobri que o amor não pode ser idealizado. Mas pode ser um ideal. É bem diferente”, Marcela define, do alto de seus já sábios 20 anos. Um ideal se oculta também entre as infinitas possibilidades e sutilezas de sensações que existem entre um cafuné e uma trepada. E também, é claro, em soltar-se das restritas definições de hétero, homo, bissexualidade. De novo, Alfreedom: “Eu posso ter tesão por um cara, se eu achar ele apaixonante? Claro. Mas eu sou bissexual se eu gosto muito mais de mulher? E por que preciso responder essa pergunta? O amor é uma entidade muito maior do que tudo isso”.

Ainda assim, fica claro, mesmo para uma breve testemunha, que paira sobre todos uma sensualidade, uma libido, essencialmente feminina. São elas que dão o ritmo, que tocam a todos e todas com mais tranquilidade, que não poupam selinhos e carícias. Que tiram o típico afobamento, o preto no branco, da sexualidade do macho. E afagam o presente repórter enquanto escuta os relatos e os diversos motivos pelos quais elas, e eles, aceitaram o convite da Trip para um fim de semana em um sítio perto de São Paulo.

“Eu nunca fiz fotos, mas eu acho que isso que nós temos é algo importante de comunicar. Não pode ser segredo”, conta Renata. Ela, como todos, reconhece uma triste, alienante dureza na vida “convencional” da cidade. Um reinado falido do ego, que encapsula e isola pessoas e transforma sua obstinada luta pela naturalidade em algo bizarro. “Em São Paulo o primeiro ato de rebeldia é carregar cores. Quando eu carrego um girassol na rua, as pessoas me olham como se eu fosse o Falcão!” E girassóis são comuns na vida da moça. Massagista de profissão, e jardineira terrorista como causa, quer gastar seu tempo enfiando mudas sem pedir autorização pela metrópole. É dela também uma simples definição do tipo de amor que permeia a tal “família”, como todos, vez ou outra, chamam a si mesmos: “Aqui todo mundo é mãe e todo mundo é filhote”.

Filhotes, ou mães, vez ou outra Alfreedom e Bela assumem a palavra como líderes da matilha. São os mais presentes na Casa Jaya, onde acontecem os cursos de contato e improvisação. E buscam, artistas, atores que são, razões e implicações metafísicas, políticas, para o amor revolução – o movimento sem dogmas que está em silenciosa expansão. Um caminho sem volta, acreditam, “um ajuste dos tempos”, na boa conclusão de Bela sobre o que está por dentro da amoreba. Um atraso cultural. Uma solução para um paradigma falido de amor, casamento e monogamia. Um desejo de criação coletiva, de transformação social e espiritual, que se arrasta há gerações e que ganhou uma estética mais clara e exuberante com o movimento hippie. Mas que hoje, em um mundo ainda mais complexo e dinâmico, não cabe mais na datada alcunha. É essa falta de cercas conceituais que deixa tudo mais difícil na hora buscar uma síntese.

Anne, jornalista, muito atenta, menos falante, pede a palavra: “Para mim não precisa ficar separando, analisando tanto as coisas. Se eu quiser fazer amor, eu faço. Se eu quiser trepar, eu trepo. O motivo que me fez fazer as fotos, e estar aqui, falando com você, é simples. Todo mundo fica pelado. Todo mundo faz sexo. Todo mundo gosta. Eu tô cansada de hipocrisia”, desbafa com um sorriso. “É minha luta contra o preconceito.” Alfredo ri como um sátiro. Embalado pelo vinho que flui, vagaroso e sempre, ele vaticina: “Isso não é sobre a gente! É sobre a paz mundial”. Paz mundial? “Claro. Eu te garanto... se você dorme em uma amoreba vai querer abraçar até o padeiro de manhã. ”

 

Juliana Schalch

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O futuro é mulher: Juliana Schalch dança balé, estuda teatro, faz trabalho comunitário e trancou psicologia. Ah sim, ela é também a dona dos olhos mais bonitos que apareceram nas telas brasileiras neste ano (como provam o filme Os 3 e a novela Morde & Assopra), entre outros atributos que você vê neste seu primeiro ensaio para uma revista

Se os olhos são mesmo a janela da alma, o espelho do mundo, como definia Leonardo da Vinci, então a primeira coisa que precisa ser dita sobre Juliana Schalch é: “Uau, que alma!”.

Embora tenha diversos atributos evidentes, são os olhos castanho-esverdeados da atriz que chamam a atenção de cara: grandes, atentos, densos, levemente úmidos – o que lhe dá um ar de tristeza e sabedoria que contrasta com a juventude de seus 26 anos. Cineastas europeus se digladiariam para encontrar uma atriz assim. Mas seus colegas brasileiros parecem dispostos a tirar o atraso.

Depois de pequenos papéis em Tropa de Elite 2 e VIPs, Juliana Schalch (pronuncia-se “xalk”) vive sua primeira protagonista em Os 3, produção da O2 dirigida por Nando Olival, que estreia neste 11 de novembro. Em e-mail à Trip, o cineasta conta por que escolheu Juliana: “Vou dizer o quê? Que ela é linda, charmosa, sedutora? Ou que tem um bom humor eletrizante? Que foi isso que transbordava durante os ensaios? Falar que além disso ela é cativante e talentosa? Enfim, que ela tem essas coisas que nem mesmo nome inventaram e que só as grandes atrizes do cinema têm?”.

Como sugere o título, o filme retrata um triângulo amoroso entre a personagem de Juliana e dois colegas de faculdade. A atriz paulistana conta ter vivido experiência semelhante em seu primeiro ano de Escola de Arte Dramática (EAD), na USP. “Os personagens estão passando por uma fase que eu vivenciei, de experimentação da sexualidade. Não cheguei a participar de orgias. Mas beijei a boca de outras mulheres, dancei com várias pessoas, expus meu corpo sem problemas. Não foi só oba-oba. Eram festas de amor, de se permitir amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo”, lembra.

“Foi importante, até para o meu trabalho de atriz, passar por esse momento de quebra de couraças, de romper tabus com meu corpo, de enfrentar a minha timidez. Uma professora da EAD me dizia: “Não existe ator assexuado”. E ela tem razão. A sexualidade é um carisma, uma potência, um estado. A mulher não tem que querer ser sensual. Ela é sensual só de estar ali, presente, íntegra, sendo ela mesma. Acho que este ensaio para a Trip tem bastante disso”.

“Sexo é intimidade, é o momento de reencontro com o outro. Tudo que você é aparece no sexo. Não dá para ficar muito tempo sem ter um orgasmo”

Não foi só o cinema que descobriu Juliana. Neste ano, a atriz já participou de Morde & assopra, sua segunda novela global, depois de Três irmãs, de 2009. E acaba de ser convidada para gravar a minissérie Brado retumbante, que vai ao ar em janeiro. Vista como um fim para grande parte dos jovens atores brasileiros, a chegada à Globo é encarada por ela como um pedaço do caminho. “Eu gosto de passear por várias linguagens. E nunca quero parar de estudar, de tentar entender o que é o trabalho do ator”, diz a atriz – que fez dança durante muitos anos, entrou em psicologia na PUC e depois trancou matrícula, e ainda quer se formar pela EAD.

Taurina tímida, primogênita de um casal de economistas, nascida e crescida em São Paulo, Juliana conta que a experiência de viver no Rio durante as gravações das novelas não foi fácil. “Eu me senti muito solitária. Sou muito paulistana, e o carioca tem outra frequência. Não conhecia muita gente, não sabia como a Globo funcionava, morei num hotel na Barra. E eu gosto muito do meu canto, de ter um lugar meu para voltar depois do trabalho. Além disso, meu coração ficou em São Paulo.” O coração, no caso, atende pelo nome de Henrique Guimarães, também ator. Os dois estão juntos há quatro anos, mudaram-se faz pouco tempo para uma casa em Ibiúna, a uma hora de São Paulo, e pretendem se casar em breve. “Sou uma pessoa caseira, da família, do aconchego”, diz. Mas o sexo não fica em segundo plano. “Sexo é intimidade, é o momento de reencontro com o outro. Tudo que você é aparece no sexo. Não dá para ficar muito tempo sem ter um orgasmo.”

Além da dedicação ao namorado e ao trabalho, Juliana ocupa boa parte de seu tempo em um trabalho social com o coletivo Já, que promove debates sobre ética e política, exibições de filmes e apresentações musicais em comunidades e aldeias indígenas. “Eu me sinto conectada a todos esses movimentos de transformação que estão ocorrendo pelo mundo. A juventude entendeu que não pode lidar com os problemas de um lugar como se estivesse à parte deles, como se não tivesse que dar sua contribuição. Eu tento dar a minha.” Os olhos não enganam: Juliana é uma atriz com alma.

Luana Piovani

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25 anos de Trip, 35 de Luana Piovani, quarto – e épico – ensaio para a revista. A seguir, revelamos finalmente o segredo da Trip Girl perfeita

 

Na edição em que celebramos nossos 25 anos, seria justíssimo compartilhar com o mundo aquilo que fez com que, modestamente, déssemos nossa contribuição não só em prol da celebração de uma das forças mais importantes e seminais para a evolução da humanidade, a sensualidade, mas também que produzíssemos lenta e sistematicamente um novo olhar para a graça feminina. E, por que não, o decifrar de uma nova, brasileira e saudável estética (e ética) das nossas mulheres. Uma maneira mais leve, mais humanizada, mais amorosa de olhar e de se relacionar com elas.

Mas, se você quer saber o segredo, ele existe sim. Depois de duas décadas e meia produzindo os ensaios de Trip Girls por aqui, digamos que acumulamos alguns saberes. Foram centenas de sessões tentando capturar o recorte original da sensualidade feminina que só existe por aqui. Por mais que estivesse rodeando a todos os abençoados brasileiros, incrivelmente ele não se via representado nas revistas nacionais. Influência da estética (e da mentalidade) importada, muito especialmente a americana, as revistas publicadas no país insistiam em tentar retratar mulheres irreais, coisificadas, construídas, enquanto nas ruas, nas praias, nas escadarias das quebradas, nas esquinas e nos quartos uma sensualidade mais viva, mais saudável e verdadeira, menos culpada e mais solar, se revelava aos minimamente assistidos pela sorte em doses capazes de fazer o mais frio ateu colar uma palma da mão à outra, erguer as duas juntas bem alto e dar graças a Deus.

A própria Luana Piovani, na entrevista publicada mês passado em nossas Páginas Negras, meio sem querer descreveu com perfeição e objetividade o que é um ensaio de Trip Girl. Quando explicava por que recusou convites milionários para aparecer em outras publicações ela disse o que pensa, como sempre: “… [queria fazer um ensaio] sem ficar posando de quatro, sem ficar botando dedinho na boca, fazendo cara de ‘vem me pegar’. Quero fazer um trabalho mais conectado à arte, mais atrelado à atitude, com a gargalhada, com o não fazer cara de nada, com o simplesmente estar ali”.

Mas, afinal, que segredo é esse? Por que diabos alguns ensaios (e me permito dizer que este que você tem em mãos talvez seja um dos que melhor exprimem o que virá a seguir) atingem uma espécie de estado da arte, capturam esse “simplesmente estar ali”, mexem com os fundos das gavetas cerebrais, remexem naqueles pontos do inconsciente onde não bate luz e se tornam clássicos desde o dia em que são vistos pelo primeiro leitor? Bastaria ter na frente da câmera uma mulher fisicamente lindíssima? Seria a tal tensão erótica/sedutora que, mesmo sublimada, precisa existir entre fotógrafo e fotografada? Seriam as palavras mágicas que alguns profissionais da fotografia são capazes de dizer aos pés daqueles belos ouvidos e que teriam o poder mágico de desligar o superego e destravar suas modelos? Seria o velho recurso do liberador de espíritos engarrafado, seja destilado ou fermentado?

Aí vai. No melhor estilo “no nosso aniversário quem ganha o presente é você”, vamos revelar nesta edição histórica (pelo menos para nós) o segredo da Trip Girl perfeita:

Ela precisa estar feliz.

Depois de duas dezenas e meia de anos fotografando mulheres lindíssimas de todas as idades, origens e formações, podemos garantir. Isso por si não basta. E não basta que sejam inteligentes, bem-humoradas, carinhosas. Nem que se encantem pelo fotógrafo (ou fotógrafa).

Ela precisa estar em paz, gostando muito da vida, relaxada e satisfeita não só com seu corpo e aparência, mas com o que se passa de sua epiderme para dentro.

As fotos que você está vendo antes, depois e ao lado deste texto explicam tudo melhor. Do momento em que trocamos as primeiras ideias sobre este ensaio para os abençoados e ensolarados dias em que elas foram clicadas, uma espécie de swell de coisas boas entrou na vida da nossa nada invisível Trip Girl aqui presente. Nesses meses ela encontrou o cara. Aqui, aliás, vale fazer uma breve pausa para que a própria descreva do que estamos falando exatamente quando nos referimos a “o cara”:

“encontrei o cara que observa o mundo,

que busca evolução e vive!! sorri!

saca? é mais que se apaixonar...

eu encontrei!! o desafio, a alma, o que me ama como

sou, o que entende... sei lá...”

Como não poderia deixar de ser em se tratando da nossa bombshell, ela mergulhou fundo nessa mais que paixão, se dedicou a ela sem economizar um milímetro de seu amor e de sua energia. Mas, com o que tinha na reserva, deu outro mergulho num novo trabalho na TV ao lado de gente muito boa e gostosa de conviver, como Selton Mello e Débora Falabella, tratou de se alimentar de forma mais inteligente e, por último, mas infinitamente mais importante, decolou para a viagem mais intensa e psicodélica de sua vida: gerar uma outra.

Diante desse quadro, tudo ficou fácil. Escolher o lugar, o figurino, a música, tirar a roupa, sorrir, encarar a lente, dispensar retoques e outras mentiras, brincar com o olhar do fotógrafo, entrar na água, “simplesmente estar ali”... O que, afinal, pode ser difícil ou indigesto para quem está vivendo uma espécie de epifania de longa duração? O que pode ser mais irresistível do que uma mulher linda, deliciosamente louca, ligeiramente grávida e profundamente feliz?

Só mesmo Luana Piovani. 

Tratamento de imagens Fujocka / Coordenação geral Adriana Verani / Produção Flavia Fraccaroli / Styling Antonio Frajado e Dulce Bernardini / Produção de moda Rafael Nunes / Make Ton Reis by L’Oréal Professionnel Assistente de make Nat Rosa / Assistentes de foto Julia Assis e Mariza Fonseca / Créditos de moda American Apparel / Alexandre Herchcovitch / Daslu / Triton / Verve

Rebeca Nunes

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O fotógrafo Cisco Vasques, além de revelar sem filtros o frescor dos 20 anos da modelo Rebeca Nunes, é ainda o namorado desta catarinense de Blumenau. E levou cinco dias e quatro noites para completar o ensaio acima

Pode uma única sessão de fotos mudar a vida de uma modelo? E a de um fotógrafo? Se ela durar cinco dias (e quatro noites) sim. Uma sessão infinita em que a máquina fotográfica fosse cada vez menos máquina e mais olho. Vendo. Diminuindo a distância. E de repente a beleza e o olho de quem a mira se encontrariam em uma forma de delírio, folie à deux. A doçura devorando a máquina e não mais o contrário. Não é sempre (quase nunca) que isso acontece. Rebeca (a modelo) e Cisco (o fotógrafo) deixaram acontecer.

Uma vez o maquiador se lembrou de que as mulheres são lindas por baixo da maquiagem. E ele não afastou a ideia perigosa. Como ele não era apenas o maquiador, mas também diretor de arte e fotógrafo, quando ela acordou linda, com cabelo de princesa, ele não tocou nela – a não ser com o foco suave. E a bela se reviu. Gostou do que ele viu nela. Uma reeducação.

A armadilha não se fecha de uma única vez, com um clique. Ela vai cercando a vida da modelo de pequenas mediocridades, pequenos venenos, o olho errado. O olho gordo. O mau-olhado. O olho do predador e o olho do mistificador. E vem a ojeriza – la repugnancia del ojo. O reverso da beleza. Mas a modelo é vidente, além de bela – e ela vê os demônios que a veem. Por isso ela quer desistir, quer mudar de profissão para fugir deles. Pode uma única sessão de fotos mudar a vida de uma modelo? Pode, se de repente a doçura devorar o olhar, e não o contrário. E a última vez vira um recomeço.

A cúpula. Antigamente era uma garçonnière no centro de São Paulo. O estúdio do fotógrafo também é sua casa e um pequeno castelo, no topo do prédio de 1926 em que a arquitetura resistiu romanticamente, olhando o viaduto Santa Ifigênia de cima. Lá o fotógrafo também aconchega sua ilusão. Mas foi a bruxinha-modelo-princesa de Blumenau, nos seus 20 anos (um espírito antigo num corpo lindo), que viu um palácio onde os seus sonhos cabiam. E o fotógrafo viu o que ela via. E registrou, devolvendo beleza à beleza.

Se o fotógrafo fosse o espelho da beleza, e não o predador: uma reeducação. E a bela se viu. E ela gostou do que ele viu nela. E o fotógrafo (que além de maquiador e diretor de arte também é músico) então compôs uma canção, que diz assim: “Um adentra o outro/ e o céu é de nós dois/ tudo que faz um delírio, sim/ eu posso mais que me jogar/ não é um ponto/ sou mais ao vento/ nesse convés/ sou eu que invento/ folie à deux”.

E o véu do cinismo se rasgou para sempre e deixou passar a luz da manhã. E de outra manhã. E de outra.

Andy Nakamura

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Filha de pai português e mãe japonesa, Andy Nakamura se equilibra entre dois opostos: de um lado, está a mulher disciplinada que, aos 21 anos, estuda para ser diplomata e fala quatro línguas; do outro, a garota solar, de beleza exótica, que não sabe viver longe da praia

Eram cinco da manhã e ela já estava acordada. Da janela, olhou pra fora e viu o mar. Sorriu. Fechou e abriu os olhos, sentiu a brisa que entrava, se encantou com as cores que começavam a brotar no céu. Mais um sorriso. Com ele, a agradável sensação de que a luz que daria forma àquele dia se consolidaria em beleza. “Pensamentos bons, energia positiva.” A ansiedade se dissipou no mesmo momento em que seus pés – nus, assim como todo seu corpo – tocaram a areia. Os passos a guiaram para o mar. “Lá é meu lugar.” “Lá” pode ser muitos: as águas da praia Mole, em Florianópolis – carregadas de lembranças, inclusive de sua primeira onda –; os mares californianos – onde às vezes se refugia com o namorado –; ou o oceano esverdeado de Ilhabela – local em que as fotos deste ensaio foram tiradas e que, naquele momento, simbolizava um novo encontro, muito prazer.

A sintonia entre os olhos puxados, o rosto quadrado e a boca bem desenhada já fariam de Andy uma mulher incrivelmente peculiar, fruto de uma exótica miscigenação que vem do pai, português de olhos azuis, e da mãe, filha de japoneses. Esse, porém, é apenas um (belo) lado da balança. E a balança, vejam bem, está sempre na busca do equilíbrio. O outro lado carrega uma mulher que fala quatro línguas e pretende aprender quantas outras aparecerem à sua frente; que cursa relações internacionais para ser diplomata e levar a cultura brasileira mundo afora; que está sempre lendo pelo menos dois livros ao mesmo tempo; que já estudou o cristianismo (ela devorou a Bíblia inteirinha, pelo simples prazer de ler), o espiritismo e o budismo. “Mas eu acredito muito, muito mesmo, é em energia.”

Em pontas opostas e complementares, essas duas partes da mesma mulher se encontram no mesmo vértice e lá são recarregadas e balanceadas: na praia. “É um contato com a natureza que em nenhum outro lugar eu consigo ter, é uma paz, um isolamento positivo.” E foi o surf, que entrou na vida da moça quando ela tinha 12 anos, que consolidou esse amor. Nascida em Londrina, no Paraná, Andy jura que seu coração pertence a Florianópolis, pra onde se mudou ainda criança. Lá aprendeu a surfar durante as aulas de educação física. “Era eu, Deus, a natureza e só isso. Uma força inexplicável.” Hoje, com seus 21 anos, ela já conhece com expertise todas as 48 praias de Floripa, que “é um lugar como nenhum outro”. Morou por quatro anos na Califórnia, onde se revezava entre aulas de inglês e de atuação e o college. E carrega na memória doces lembranças de viagens com seus pais por muitas praias do Brasil. De um jeito ou de outro, fica claro: lá está a praia, reequilibrando a balança de Andy.

Skype e brinquedinhos

Foi na Califórnia também que Andy conheceu Jeffrey, gerente de banco e surfista. “Pra ser meu namorado tem que surfar! Se não, já foi descartado. Next! Ai... meio mal, né?! Mas... é verdade!” O rapaz lançou um pedido de noivado quando ela estava prestes a voltar para o Brasil. “Quando tu gosta da pessoa, não tem como negar.” No semestre que vem, ele planeja se mudar para o Brasil, mas casamento ainda não faz parte dos planos próximos de Andy. Nesse meio-tempo, Skype, “brinquedinhos” e criatividade tentam dar conta do que o contato físico não permite. “Nós dois desenvolvemos uma confiança muito grande um no outro. Eu sou uma pessoa sensual, que gosta de jogar charme. Ele é assim também, eu acho isso charmoso nele, e ele acha isso charmoso em mim... Ele faz isso com outras mulheres, seja ela nova, gorda, linda, magra... E eu faço com homens. Isso é irado porque não fica uma coisa opressiva! A gente não tem isso. Eu sou uma pessoa que, quando tem homem por perto, vou gostar de jogar cabelo pro lado, vou gostar de jogar um olhar, é meu jeito de ser, gosto de ser sensual. Mas isso não quer dizer ser vulgar. Em inglês, a gente chama de ‘flare’ (luz, chama).”

 

Ana tira a roupa para Gabi

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Ana Carolina Prado, catarinense de 20 anos, sonha em criar lingeries para que outras garotas possam se sentir bonitas com pouca roupa. Numa tarde de verão, foi à casa da amiga Gabi servir de modelo em um dos primeiros ensaios sensuais da fotógrafa gaúcha

Era entre duas e três da madrugada, e eu, insone, assistia a um documentário sobre o fotógrafo Richard Kern. Achei o cara um mala. Mas, por alguma razão, quis praticar o que ele faz de melhor: tirar foto de mulher pelada. Por que não? Sempre achei que os homens enquadram, no visor da câmera fotográfica, o sexo explícito, sem notar as pequenas e brilhantes sutilezas femininas. Ainda sem dormir, ao nascer do sol, comecei a ir atrás de meninas que topassem tirar a roupa para mim, bem na boa, sem pressões nem pretensões.

Entre várias das que compraram a minha ideia, entre grandes amigas e recém-conhecidas, fiz vários sets. Uns tranquilos e naturais, outros mais tímidos, quase conservadores. Todos fotografados à minha maneira, usando gente comum, e não mulheres de plástico. Prefiro apostar em ângulos cotidianos e sensuais, sem a obrigação de excitar ninguém. Como mulher, quero ver mulheres de verdade, e não inatingíveis. Quero ver pessoas parecidas comigo e com as minhas amigas – até porque somos bem atraentes também... E, em alguns casos (na maioria, na minha opinião), acho até que somos mais bonitas do que essas que se transformam completamente, se tornando algo que não são.

As fotos destas páginas são de uma dessas sessões poucos dias depois, sem muita produção, maquiadores ou iluminador. Sem ninguém mais além de mim e minha amiga Ana. Ana é Ana Carolina Prado, tem 20 anos e nasceu em Santa Catarina. Atualmente mora em Canoas, aqui na Grande Porto Alegre, um pouco longe de mim. Por escolha própria, veio posar aqui em casa. Começamos a discutir sobre as fotos na poltrona e no sofá da sala. Dali não saímos. Já conhecia Ana, saímos juntas algumas vezes. Ela tem um ar inocente e um sorrisinho quase infantil, meio moleca. É dona de uma mente aberta, cheia de atitude e opinião. E além disso, claro, ela é também esse mulherão que você está vendo.

Começamos depois de uma conversa sobre viagens, o passado, os homens da vida e os planos para o futuro. E também depois de escolhida a trilha sonora ideal – B.B. King, ela adora um blues. Primeiro, fiz um retrato. Depois, outro e mais outro. Até que ela despiu-se como se estivesse sozinha e, com a maior naturalidade, o ensaio foi saindo assim, sincero, a partir da troca entre duas garotas seguras de si.

Ana gosta da câmera – e eu também gosto da Ana, porque ela é fácil de lidar, fica brincando de assumir personagens, de fazer caras... até choramos de rir juntas enquanto os vizinhos nos espiavam pela janela dos prédios ao lado. Durante aquelas horas ela foi minha melhor amiga, a confidente mais íntima. E quanto mais soube da vida dela, mais a achei linda.

Ana morou por um ano com o namorado na Irlanda, é apaixonada pela história da Escócia. Preza pela família, gosta dos animais e combina corpo de mulher com um olhar singelo e límpido. A beleza da Ana não está na sua nudez, mas na segurança de ela ser e aceitar quem realmente é.

Corpo é corpo e todos são bonitos, cada um do seu jeito. Ana concorda comigo. Tanto que quando perguntei a ela “o que quer ser quando crescer?”, ela me disse, sem meias palavras: “Quero ser designer de roupa íntima, para customizar lingeries e fazer com que mulheres de todos os tipos se vejam atraentes diante do espelho vestindo pouca roupa”.

Thalma de Freitas

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“Ser Trip Girl no meu aniversário de 38 anos é o presente que me dou, em nome dos velhos tempos, quando sonhava em ser amplamente desejada, pelada em capa de revista, fetiche total, gata, selvagem, sarada, gostosa"

Na adolescência, minha vida sexual já era bem ativa. Mas só perdi a virgindade aos 15 anos, mais exatamente em 8 de maio de 1991.”

Thalma de Freitas não esqueceu nenhum detalhe daquele dia. Faria aniversário na semana seguinte e, pela primeira vez em 16 anos, a sensação de ser e estar menos menina veio na véspera, antes do bolo e dos parabéns.

Não ser mais virgem a tinha tornado outra pessoa – mais encorpada, mais dona da história. O olhar ficou mais quente e suas vontades ganharam um poder inacreditável sobre ela mesma e sobre os outros.

Ah, os outros... Dez anos antes, começou a descobrir a própria sexualidade no sexo alheio. Trocou o primeiro beijo na boca em 1981, com o primo. Era um daqueles primos muito íntimos, que acabou por se tornar uma espécie de namorado, o cicerone das primeiras sacanagens.

"Mostrar meu corpo representava também uma postura de mulher liberal, independente. Linda e sem pudor de se assumir gostosa"

As sessões de brincadeiras com ele eram jogos que não se concluíam, tinham mais reticências do que pontos-finais. Mãos e línguas – as armas que valiam ali – tentavam encontrar o desconhecido, mas se perdiam sempre no caminho. Tudo bem: procurar já era tão gostoso...

Nesse período, seu imaginário de mulher já vinha sendo montado com os estímulos das musas das capas das revistas. Estavam nuas, sempre. Christiane Torloni, em 1984. Lídia Brondi e Maitê Proença, em 1987. Tássia Camargo com os cabelos curtinhos, em 1982. Sônia Braga, Bruna Lombardi, Maria Zilda, Luma de Oliveira, sempre. E Xuxa, em edição especial de “Feliz 1982”.

Ela se lembra das estrelas sem roupas naquelas páginas e revela que, desde a adolescência, cobiçava estar junto com elas, vestindo só o orgulho da própria pele.

“Tinha muita vaidade envolvida naquilo. Um prazer imenso pela ideia de ser desejada por muitos, inspirar punhetas e maledicências. Mas mostrar meu corpo representava também uma postura de mulher liberal, independente. Linda e sem pudor de se assumir gostosa. Autoafirmação, sim – sem vergonha!”

Nesta Trip, Thalma exercita tudo isso de novo. E justamente no mês em que completa 38 anos – 31 desde aquele primeiro beijo na boca.

Nos últimos 15, ela se consagrou como cantora, como atriz, como estrela. As personagens gostam de tê-la dando-lhes corpo – as das novelas, as dos filmes, as das canções.

Apesar de ter nascido carioca, muita gente jura que Thalma é baiana. Acostumaram-se com o sotaque de Zilda, mulher que ela criou para a novela Laços de família, escrita por Manoel Carlos em 2000.

Nesses anos todos, emprestou sensualidade a outras fêmeas da televisão. A Caetana de Xica da Silva (1996), a Marilda de Dona Flor e seus dois maridos (1998), a Baiana de Bang bang (2005), a Berenice de Sete pecados (2007) e a Magali de Caras e bocas (2009).

Em pista paralela, corriam as personas que Thalma imprimia nas canções.

São indiscutivelmente bem estruturadas as figuras criadas por ela em “Cordeiro de Nanã” (Mateus e Dadinho) e “Tranquilo” (Kassin), músicas alheias que sua voz levou ao rádio e à televisão (e estão gravadas em EP de 2004).

Mais primorosa ainda é a personagem de “Não foi em vão”, composição da própria Thalma lançada no primeiro álbum de sua Orquestra Imperial, em 2007, e regravada no ano passado por Mariana Aydar.

“Quem feriu meu coração fui eu, mais ninguém/ quem feriu seu coração foi você também”, ela prega na letra. Sem essa de culpa.

Mas a intérprete e a compositora são só o começo da história.

Thalma teve papel fundamental nos primeiros passos do que hoje consideramos a nova geração da música brasileira quando, lá pelos idos de 2007, trouxe músicos cariocas para suas noites no Studio SP (ainda na primeira versão da casa, na Vila Madalena).

Com espírito agregador, construiu a ponte entre as duas cidades e promoveu uma interação de proporções tais que ainda não fomos capazes de avaliar devidamente.

Observador da cena, eu mesmo só intuía esse movimento, mas não sabia muito bem como prová-lo. Até ver, aqui mesmo na Trip, uma reportagem que trazia um “mapa de afinidades” entre os nomes emergentes da nova música nacional. Só Thalma tinha relações com todos eles. Ela era o sol. Eu estava certo.

Falta a ela fazer mais álbuns seus, para que essa relevância na música se mantenha, se perpetue – é disso que eu sempre reclamo. Mas ela inventa sempre alguma teoria libertária para escapar desse compromisso.

Quando a Orquestra Imperial foi inaugurada, há dez anos, ela já era a famosa Thalma de Freitas e estava na última semana de gravações de O clone, sucesso total no horário nobre. Já era contratada da Globo e ser atriz pagava todas as suas contas.

Hoje, atriz e cantora convivem.

Ao mesmo tempo em que ajuda a compor o segundo álbum da Orquestra, Thalma segue no teatro com Adeus à carne, espetáculo dirigido por Michel Melamed que estreou em fevereiro no Rio e deve ganhar temporada paulistana em julho.

Foi para a peça que cortou todo o cabelo. E isso tem tudo a ver com sexo. Mas a preparação física veio antes, guiada por sua amiga Paula Lavigne.

O mais de meio ano de maromba – que inclui muay thai, ginástica e musculação diária – e mais uma privilegiada genética deram nisso: Thalma brilha agora nestas páginas da Trip como a Lídia Brondi, a Maitê Proença, a Sônia Braga, a Bruna Lombardi de sua adolescência.

“Ser Trip Girl aos 38 é o presente que me dou, em nome dos velhos tempos, quando sonhava em ser amplamente desejada, pelada em capa de revista, fetiche total. E obviamente pelo fato de, 20 anos depois de admirar a beleza glamourosa de La Torloni, euzinha ainda estar em forma. Gata selvagem, sarada, GOSTOSA.”

Feliz aniversário, Thalma de Freitas!


Marielle Lefeuvre

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A estudante parisiense Marielle Lefeuvre mora em um quartinho no apartamento onde o fotógrafo Pablo Saborido vive com a mulher, no centro de São Paulo. E adorou a ideia de posar para a Trip: “À tarde, ela olhava pela janela quando pedi para tirar a calcinha”, conta o fotógrafo. “Ela tirou. A camiseta continua cobrindo seu bumbum, então peço para tirá-la também. Ela olha e pergunta: ‘Nua, nua?’. “Nua, nua”, respondo naturalmente

Fotografar uma mulher nua pode ser tão interessante como banal... o que torna a coisa emocionante é a relação que você estabelece com ela naquele momento. Marielle Lefeuvre mora em minha casa e deixa qualquer situação descontraída, não representa o imaginário francês clássico. Fala alto e mexe as mãos de um jeito ao mesmo tempo charmoso e agitado. Sua risada forte demonstra seu conforto com a vida. Essa estudante de uma universidade parisiense mudou-se pra São Paulo há um ano para fazer intercâmbio, e desde então mora comigo e minha mulher, no que seria nosso quarto de empregada.

Uma manhã, bem cedo – ela acorda todo dia por volta das 7 horas –, encontro-a preparando café de short. Não resisto e comento, com minha cara ainda amassada: “Ju, você daria uma boa Trip Girl”. Sua reação foi uma gargalhada que preencheu a cozinha. Tive a sensação de que ela não percebe o quanto é uma mulher atraente aos olhos dos outros, o comentário gerou nela uma pequena alegria.

Perguntou se ganharia algo por isso, e em seguida pensou em como iria explicar para o namorado, que mora no México, como ela fez para comprar a passagem e ir visitá-lo...

Nessa mesma noite jantamos juntos e, depois de algumas taças de vinho, peguei a câmera para irmos nos familiarizando com a ideia. Marielle não sabia muito como agir, fazia caretas para a câmera, a proposta era um tanto diferente para ela. Dançamos um pouco e começamos a fazer mais cliques. Saíram registros ainda tímidos, mas que já evidenciavam que essa francesa comportada era bastante capaz de explorar sua beleza, deixando pudores de lado. Isabel, minha mulher, dava conselhos de como encarar ou não a câmera e, em meio a risadas, fizemos algumas fotos da nossa modelo iniciante.

Sábado, 10 horas. Acordo e Marielle está em pé há horas, indo e vindo pela casa, com vontade de ser fotografada. Poucos minutos depois, Fernando, maquiador que por sorte é vizinho, aparece com bolo, pão de queijo e muita disposição para arrumar o cabelo da Ju. Ele começa a penteá-la enquanto faço um chá na cozinha, ouvindo risadinhas na sala.

Nossa amiga Roberta, que também veio ajudar, chega em seguida com algumas roupas e calcinhas lindas que Ju experimenta, trocando-se na nossa frente, com a naturalidade de quem experimenta óculos na barraca do camelô no meio da rua. Acho que o fato de a Roberta estar grávida de sete meses ajuda a alimentar o clima de intimidade geral. Definidas as roupas, é hora de um novo chá. Vamos pra cozinha, ela de calcinha e cardigã e eu de câmera na mão.

Mari vai perto da janela, acima da bancada da pia, dá um golinho na xícara e deixa aparecer os peitos. Fotografo. Quando nosso chá acabou, tínhamos feito as primeiras fotos e estávamos todos ali como se a situação fosse habitual: Marielle seminua falando com minha mulher e eu fotografando tudo.

Despudorada

Chega uma hora em que ela sente fome, e sugiro comermos um ceviche. Quando ela começa a pôr a roupa eu a detenho. Falo pra não levar sutiã, em qualquer situação pode rolar uma outra foto... Na volta, já de noite, abrimos um vinho, que combina direitinho com a voz sensual de Aretha Franklin. Os limites começam a se esticar... Marielle tira a roupa e decide colocar uma calcinha mais sugestiva. A música está alta, e ela se entrega completamente à situação, dançando pela sala. Olhando a vista noturna, diz experimentar uma sensação efêmera, de controle total sobre a cidade. Lá embaixo a Virada Cultural agita o centro, e aqui em cima algo se agita no interior de Marielle, liberando-a totalmente de seu pudor.

Na manhã seguinte, Marielle está com uma jarra de água, molhando as plantas, equilibrando-se em uma cadeira para chegar nas mais altas. Seu bumbum fica numa altura que me brinda com um ângulo ótimo, o sol passando entre suas pernas, batendo no peito. Fotografo.

Ela olha pela janela e peço para tirar a calcinha. Ela tira. A camiseta continua cobrindo parte do seu bumbum, então peço para tirá-la também. Ela olha para mim e pergunta: “Nua, nua?”. “Nua, nua”, respondo.

Com o sol indo, voltamos para nossa vida, aquela que não pode ser capturada pelas lentes. A câmera se vai, mas a beleza descoberta dessa mulher de 24 anos permanece.

Coordenação Geral: Adriana Verani
Produção Flavia Fraccaroli
Styling Roberta Guzardi
Make/Hair Fernando Haddad (Capa mgt)
Créditos de Moda: American Apparel / Lupo / The Candy Shop Flavor
Tratamento de imagem: André Cossich   

Nath Nogueira

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A carioca Nath Nogueira, 26 anos, é produtora de moda e nos procurou querendo ser Trip Girl. Sorte sua

Nathássia Nogueira, a Nath, sempre foi assim: se tem algo a incomodando, não costuma reclamar nem pedir ajuda. Em geral, vai lá e resolve. Foi assim há poucos meses, quando ela se cansou, pasme, de se sentir feia. Se cansou de viver sob o eco de uma adolescência insegura toda vez que se olhava no espelho. “Eu era muito encanada com o meu corpo, os meninos me maltratavam muito quando eu era nova. Sempre tive muita vergonha de mim. Decidi eu mesma mandar um e-mail para a Trip e posar para vocês”, ela conta, tranquila. Como você pode reparar nas páginas ao redor, deu certo. “Achei que eu ficaria nervosa, travada. Mas foi muito tranquilo. E me fez bem.”

Surpresa nenhuma, na verdade, considerando a vida da carioca de 26 anos que, desde cedo, é movida por desafios desse tipo. Aos 15, já não se sentia muito bem pedindo dinheiro para a mãe. E achou que, além de ganhar seu próprio dinheiro, precisava perder parte de sua crônica timidez. Achou que seria o caso trabalhar como animadora de festas infantis. Assim como no ensaio, ela jura: “Me fez muito bem”. Foi fantasiada de Branca de Neve. Também trabalhou como monitora em colônia de férias entre crianças em polvorosa, o que pagou os estudos. Mas nunca conseguiu montar um guarda-roupa exatamente. E isso, pra variar, virou um desafio.

Quando, já formada designer de móveis ou cuidando de obras e reformas como arquiteta, quis porque quis trabalhar na grife Animale. Via a vitrine e enxergava algo dela ali. Bateu na porta, conseguiu um trabalho como vendedora. Mas logo, incontida que era, foi promovida a um cargo que, no fundo, não existia. “Eu digo que sou produtora comercial... mas eu faço muita coisa”, explica. “Viajo as lojas pelo Brasil, converso com as vendedoras, dou palpite nas coleções, sei o que vai ou não vender. As peças que ficam mais encalhadas eu acabo descobrindo um jeito legal de combinar... E meio que meu jeito de me vestir acaba influenciando um pouco a visão comercial das lojas.” E segue com uma larga lista de pequenas tarefas que, em resumo, descrevem do que ela vive no fundo: de seu estilo.

Dona do blog de moda aproducao.tumblr.com, em que ela faz uma espécie de making of de sua vida e de seu visual, agora que conseguiu seu tão sonhado – e gigantesco – guarda-roupa. Como tudo o que conquistou, ela diz: “Me fez bem”. Acabou virando uma referência entre garotas que se se reconhecem nela. Mais de 6 mil visitantes por dia e ocasionais abordagens na rua de fãs que acompanham a moça. “Eu quero mostrar um pouco das coisas que gosto, mas ajudar também as pessoas a se encontrarem”, filosofa. “Respondo muitas perguntas e fico feliz quando alguém me escreve dizendo que descobriu algo legal que funciona para ela. Gosto de ajudar a autoestima das pessoas, e isso, hoje, é muito ligado à estética. Mas quero que as meninas se identifiquem mais com algo real do que com um ideal de perfeição dos editoriais de moda por aí.”

Quando tem que responder qual a empreitada para o futuro, ela não se preocupa muito em dar uma respota definitiva. “Sei que quero trabalhar com produção, com moda. Mas minhas metas agora são de curto prazo. Agora quero reformular meu site e ajudar a coordenar um fluxo cada vez maior na Animale. Quando cheguei, há seis anos, eram 20 lojas. Agora são 80... É muito trabalho, muita viagem.” E quando descansa? No domingo, quando ela arruma ainda mais o que fazer. Acorda cedo para pedalar, remar, andar de patins e de skate, fazer pesca submarina, surfar com o namorado no Rio de Janeiro, visitar a mãe, o pai, ver os amigos... É como relaxa a cabeça para a agenda lotada de segunda a sábado. Pois, se algo deixa Nath tranquila, desde criança, é saber que não está perdendo tempo.

Coordenação geral: Adriana Verani
Produção: Flavia Fraccaroli
Styling: Helena Luko
Produção de moda: Gabriela Michelini
Make: Jésus Lopes
Assistente de foto: Mariza Fonseca
Créditos de moda: Farm, Loungerie, Osklen, Verve
Tratamento de imagens: André Cossich

Mariana e Belén

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Você realmente não precisa que eu descreva essas duas. Não precisa que eu conte do corpo da Mariana, da curva delicada de sua cintura, da onda crescente dos peitos ou dos olhos de ressaca. Nem dos dentes, alinhados como soldados, quando ela morde os lábios e se diz nervosa, mas pronta. O lance com a Mari é prestar atenção nos olhos, no jeito que ela muda o olhar. A cintura, as mãos finas e o cabelo de uma dançarina andaluza são todos uma desculpa. Na real, querido leitor, ela está te olhando. Não para mim, nem para a câmera. Está olhando para você.

Você também não precisa que eu conte da Belén. Das linhas longas, quase líquidas, das coxas dela. Ela conta que seu corpo era ainda mais perfeito antes, a barriga era mais chapada (vai, acredita). Não preciso falar da curva perfeita do bumbum naqueles shortinhos minúsculos com os quais ela passeia de patins pela cidade. Aqui tem páginas e páginas de fotos para isso tudo. Melhor narrar a história das duas, a razão de estarem aqui e de como se conheceram numa tarde de outono em Buenos Aires, há três anos e meio.

Roupas no chão
São sete da manhã. Mariana, 25 anos, abre a porta do apartamento dela no bairro de San Telmo, toda de preto, o cabelo como uma cachoeira bagunçada, olhos pesados e voz de sono. Há quatro anos morando na capital argentina, a paulistana está um pouco cansada, chegara de viagem um dia antes. O sorriso fácil escorre pelo rosto, Mari está nervosa. Mas não tanto assim. Pouco depois tirava a blusa no bar ao lado de seu apartamento, colocando os peitos contra o vidro da fachada enquanto sorria para os pedestres.

Uma hora depois, Maria Belén chega. O tornado de 29 anos nascido em Entre Ríos joga os patins ao lado da porta de entrada e sua voz, ao mesmo tempo alta e rouca, passa a dominar o ambiente. Tira as roupas jogando as peças pela sala com uma indiferença que quase assusta, é o tipo de menina que parece nunca ficar nervosa.

Show para os vizinhos
Mari e Belén comem bifes à milanesa com batata e ovo frito no bar (não é incrível ver mulheres lindas comendo comida de verdade antes do meio-dia?) antes de nos levarem até o apartamento das fotos, num predinho antigo onde se pode alugar quartos mobiliados de uma senhora de cabelo grisalho, que faz café pra nós enquanto nos deixa reorganizar móveis e quadros para as fotos. Está chovendo. Belén levanta o bumbum entre as plantas na varanda com a pele arrepiada de frio e Mari tira fotos dela com sua pequena Pentax – o mesmo modelo que eu tinha quando comecei a fotografar.

Os vizinhos do outro lado da rua estão encantados.

Elas deitam nas poltronas e contam que estavam ali na mesma sala quando se conheceram. Mari estava ao lado do seu então namorado quando Belén entrou e começou a olhar para ela. Bronzeados, eram um casal lindo, exótico. Os dois (Mari inclusive) falando um espanhol com sotaque bogotano que deixou Belén fascinada. “Sou muito visual, e os dois eram fascinantes. Dentes tão brancos, meu Deus! Nunca tinha visto sorrisos tão lindos.”

Não demorou muito, estavam atravessando longas noites refogando legumes e frango na wok da Belén e dormindo uma ao lado da outra depois da conversa entrar na madrugada. “Não roncamos, somos parceiras de dormir perfeitas!”, brinca Mari. “Nunca tive tanta intimidade com alguém como tenho com ela,” continua a brasileira. “Deve ter gente que acha que somos um casal, indo trabalhar na manhã seguinte uma com a camiseta da outra. Mas foda-se.”

Maria-chiquinha e patins
Conheci Mari primeiro. Em 2010, ela me mandou uma mensagem pelo Facebook num portunhol fofo dizendo que queria ser fotografada por mim, que era um sonho secreto. Dava para perceber que ela era linda pelas fotos do seu perfil. Um ano e meio depois, ela estava de calcinha numa praça de Perdizes passeando com cinco cachorros de um desconhecido, se matando de rir. Quando surgiu esta edição sobre amizade na Trip, perguntamos para ela se tinha uma amiga bonita para indicar. Sem pensar duas vezes, chamou Belén. “Sabia que ela faria o ensaio bem e que me deixaria à vontade.” A colega argentina está acostumada a andar pelada, é modelo habitual do escultor Martin de Girolamo, que faz obras realistas sensuais em tamanho natural – uma delas com Belén de maria-chiquinha, patins e um olhar bravo.

É charmoso ver Mari tirar fotos da amiga. Diretora de fotografia de cinema, não é o tipo de pessoa que tira milhares de frames por minuto. Usa sempre filme, gosta do processo lento e técnico. Foi ela, aliás, quem filmou o making of do próprio ensaio, com uma Lomokino 35 mm. Às vezes, ela coloca a câmera na minha mão para filmar as duas juntas, não sem antes dar várias instruções.

É gostoso imaginar a Belén trabalhando também. Em um restaurante no centro de Buenos Aires está finalizando seu primeiro mural, uma obra imensa de 5 metros de largura sobre a história da Argentina. Produz sempre de madrugada, e ainda dá aulas de arte, de graça, para crianças numa biblioteca pública. E, ultimamente, aprende português com Mari para entrar na faculdade no Brasil.

As duas me parecem felizes.

Coordenação Geral: Adriana Verani
Produção: Flavia Fraccaroli
Styling: Flaminio Vicentini
Make: Jésus Lopes
Tratamento de imagens: RedFishBlack
Créditos de Moda: Rock Lilly / Costume / TVZ / Loungerie / Puket / Poko Pano / Colcci / Gisele Bündchen para Hope / KNT / Ropahrara / Darling.
Agradecimentos: Hotel Howard Johnson 

Carol Marra

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Este é o primeiro ensaio nu da modelo mineira Ana Carolina Marra, 25 anos. É uma estreia pra gente também: em 26 anos, Carol é a nossa primeira Trip Girl transexual

Meus pais percebiam que eu era diferente desde pequena: na rua, perguntavam se eu era menino ou menina. Eu ficava de castigo e nem sabia por quê. Não tinha amigos, tive uma infância e adolescência solitárias. Meus pais imaginavam que eu fosse gay, mas não esperavam que eu fosse transexual. Eu nunca tive namorada, nunca dei um beijo ou encostei em uma mulher. Na adolescência eu me interessava pelos namorados das minhas amigas, e acabei tendo minha primeira relação sexual só com 22 anos. Eu não me aceitava. Só mais tarde, com ajuda médica, fui entender. E foi um choque pra família. É doloroso, todo pai tem medo que o filho sofra, apanhe na rua...

Hoje eles aceitam mais. Coloquei próteses nos seios e minha mãe até ajudou no processo... precisei trocar o guarda-roupa, fui jogando minhas roupas fora e ela ali junto, chorando... foi difícil para eles, para mim também, mas eu precisava matar parte de mim para outra nascer: virei Ana Carolina – em homenagem à minha irmã, Ana Paula.

Me formei em jornalismo e depois trabalhei como produtora na TV Globo, no RJTV. Fiquei um ano e meio correndo atrás de buraco de rua, eu detestava aquilo... Queria falar sobre moda, então decidi fazer outros cursos.

Na época eu não me vestia totalmente como mulher. Era uma coisa exótica, roupas unissex, deixava aquela dúvida se era menino ou menina... Saí do jornalismo, fui trabalhar como produtora de moda no Rio, fazia editoriais e capas de revistas. Aí os fotógrafos começaram a comentar: “Nossa, você é andrógina, fotografa bem”, e fizeram umas fotos. Depois uma amiga me pediu para eu fazer um catálogo de roupas femininas e fui começando a trabalhar informalmente como modelo. Com o tempo, fui ficando mais e mais feminina. Até que passei no casting do Minas Trend Preview [principal semana de moda mineira] e fiz vários desfiles, inclusive o de abertura, para o Ronaldo Fraga. Na verdade, minha carreira começou há pouco mais de um ano, está tudo acontecendo muito rápido, mas passa rápido também. Aos 25 anos, não sou mais novinha, não vou competir com garotas de 17 anos.

Os héteros me adoram, mas sofro bastante preconceito mesmo no mundo da moda, onde quase todos são gays. Às vezes o próprio gay tem preconceito do outro, gritam “Vai, passiva!”, como se fosse demérito. Já imaginou se todas fossem ativas?

Ser mulher
Não sou travesti, sou transex. É bem diferente. A travesti aceita seu membro, e o usa na relação. Já a transexual não se conforma com sua genitália, daí a necessidade da cirurgia. Eu não me sinto à vontade, me vejo presa a um corpo que não é meu. Preciso me libertar para ser feliz. Por isso não tenho medo da cirurgia. Faço acompanhamento psicológico há dois anos e consulto com um dos principais médicos brasileiros da área. Prefiro ser operada aqui a ser na Tailândia, aqui é mais sério. Queria “para ontem”, mas vou esperar. Estou ganhando dinheiro com meu trabalho, não posso parar nesse momento. Sei que ser mulher não se resume a uma vagina.

Tem tanto homem que tem pênis e não é homem... e sou mais feminina do que várias por aí. Essa é minha luta diária, ser aceita. Por outro lado, não é uma vagina que vai me fazer mulher, mas... é. Os homens só vão me aceitar quando eu tiver uma. Eu também...

Para casar
Minha grande paixão foi um homem com quem morei três semanas, na casa dele... e não transamos, acredita? Ele falava que sua próxima namorada tinha que ser pra casar, que eu era a mulher da vida dele... E eu não sabia como contar, então pensei: “Vou deixar ele se apaixonar, aí eu conto”. Conheci amigos, a família... e nada de contar ou ele perceber. Aí um dia ele descobriu por uma revista, e disse que não podia mais ficar comigo. Falou que tinha outra, mas era mentira. Perguntei: “É por que eu sou transex?”. E ele: “Não, mas você devia ter me contado!”. Não contei porque não sabia como, dei várias pistas, mas ele não pescava... então desabafei: “Você não disse que eu era a mulher da sua vida, que queria casar comigo? O fato de eu ser transex deixa meu beijo menos gostoso, eu deixo de te fazer feliz? Você me ama ou ama o que eu tenho entre as pernas?”. E ele só chorava, chorava... Ficou com minhas roupas na casa dele, me deletou no Facebook, não falou mais comigo. Não me assumiu pelo medo do deboche dos amigos. Sei que ele ainda gosta de mim, gosto dele também... se ele me chamasse de volta eu largava tudo e ia!

É complicado. A partir do momento em que os homens sabem que sou transex tudo muda. Mesmo que seja só ali, entre eu e eles, já me tratam como um pedaço de carne, querem ir escondidos pro motel... e isso eu não aceito. Antigamente eu até topava, mas agora não mais. Pra sair comigo tem que me levar pra um bar, um restaurante, sentar na mesa comigo com orgulho. Não sou marginal ou um ET. Se não for assim não saio, prefiro ficar sozinha.

Já saí com jogador de futebol da seleção. Esse acompanhou minha transformação... tivemos um caso, hoje somos amigos. Também saí com um cantor sertanejo que eu nem sabia que era famoso. E tem também um político aí que não para de me ligar. Esse mesmo me encontrou outro dia na balada e falou: “Vamos sair, mas ninguém pode ver”. Ã-hã, vai esperando. Sair escondida por quê?

Teve outro que conheci em uma festa e depois ficamos conversando pelo telefone por um mês antes de nos reencontrarmos. Quando nos vimos de novo e eu ia contar, ele resolveu me levar num almoço de família. No caminho passamos eu uma rua perto do Jockey e tinha umas travestis trabalhando, praticamente nuas. Levei um susto, nunca tinha visto assim, de dia. Aí ele falou: “Não olha pra isso não, a matança desses lixos tinha que ser parte da limpeza urbana de São Paulo”. Foi tão preconceituoso e duro que nem tive coragem de falar nada sobre mim pra ele.

Chegamos na casa da família dele e não consegui ficar, comecei a chorar. Eu não tinha direito de estar ali enganando aquela família que me recebeu tão bem. Sou uma mentira pra eles, e sou uma mentira pra mim também. Chorava pensando até quando eu viveria naquela situação por medo da reação do meu pai e da minha mãe... fui embora e nunca mais o vi. Mas ele teve um papel importante, me fez acordar pra vida. Foi mais um motivo pra eu querer fazer a operação e virar a mulher que sempre fui.

Respeito
Olha, espero que o homem mude um dia... o preconceito vem da falta de informação. No dia em que o ser humano começar a ouvir mais o outro, conhecer antes de julgar, vai respeitar. Hoje acham que travesti e transexual é tudo putaria. E não é assim, conheço médica e funcionária pública transexual. Mas quem vai dar um emprego de faxineira pra uma travesti que não teve oportunidades? Não dão, claro que não. Aí elas acabam indo pra rua se vender, afinal precisam comer, beber... E não devemos julgar nem condenar.

O que eu diria pros leitores que se sentirem ofendidos de alguma forma por uma Trip Girl transexual? Ninguém precisa gostar de mim, mas respeito é fundamental. Sou um ser humano como outro qualquer, tenho pai e mãe, não sou filha de chocadeira. E não escolhi ser transexual. Eu nasci assim. Posso fazer um homem realizado não somente na cama, mas principalmente fora dela. Meu sonho é simples. É ter um marido, uma família feliz, uma vida comum.

Coordenação Geral: Adriana Verani / Produção: Flavia Fraccaroli / Styling: Lara Gerin/ Make&Hair: Daniel Lacerda (CAPA mgt) / Assistente de styling: Lidia Yang / Assistente de Make&Hair: Juliane Oliveira / Assistentes de foto: Carlos Ximenes / Leandro Bugni / Créditos de Moda: Guerreiro / Casa Juisi / Fruit de La Passion

Happy Hour o dia todo

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Nossas cinco convidadas para este ensaio mostram que o mundo das agências de publicidade anda cada vez mais florido

Priscila Navarro
22 anos, recepcionista da agência Taterka

“Gosto muito de fotografar... acho confortável ficar sem roupa, me sinto superbem”, conta a recepcionista, que namora há um ano e já fez fotos sensuais de brincadeira. Priscila é clara: diz adorar seu trabalho, só fica desconfortável com algumas opiniões. “Ser bonita é agradável, mas às vezes escuto coisas que... tem que saber lidar.” Sobre seus colegas de trabalho, brinca que publicitários “às vezes não têm nem tempo pra usufruir do dinheiro que ganham”.

Sabrina Monteiro
29 anos, executiva de contas de um grande jornal

A gaúcha foi modelo quando criança por influência da mãe, mas se cansou. “Depois de adolescente não quis mais saber. Me rebelei e agora só faço alguns trabalhos pra me divertir”, diz a executiva de contas. O namorado não comemorou a ideia do ensaio, mas também não se opôs. Depois de eleger seus olhos verdes como seu ponto forte, Sabrina fala um pouco sobre o tema desta Trip: “As pessoas que trabalham contigo são quase uma segunda família, tem que ter um clima legal. Lógico que sempre rola stress, problemas... trabalho é isso! O ideal seria ter uma atividade ao ar livre... ainda não sei o que, mas fico sonhando com o sol e a brisa...”.

Débora Finamor
24 anos, recepcionista da agência Young & Rubicam

Hostess em uma agência na capital, Débora nunca tinha posado tão à vontade antes, nem de brincadeira com ex-namorados (está solteira). “Mais da metade do nosso dia é dedicada ao trabalho. Se ficarmos esse tempo todo fazendo o que não gostamos, a vida vai ser um saco.” E ser bonita ajuda? “Às vezes atrapalha. Quando a pessoa é muito bonita, tem que provar sua capacidade... agora com certeza abre portas, todo mundo gosta de estar com uma pessoa bonita do lado.”

Patrícia Aloi Moreira
28 anos, profissional de atendimento da agência Ogilvy
Feliz com seu trabalho, Patrícia só queria mais tempo para si mesma. “Gostaria de entrar às nove da manhã e sair sempre às seis em ponto pra poder cuidar de mim... nunca tive isso!”, diz a publicitária. “Quando você é bonita, as pessoas duvidam um pouco da sua capacidade... então sempre tem que provar mais.” Patrícia, que nunca posou para fotos sensuais, está feliz. “Tenho um namorado lindo e maravilhoso há um ano. No começo ele ficou cismado com o convite e sentiu ciúmes, mas depois apoiou.”

Patrícia Braga
35 anos, gerente de marketing de uma grande empresa de cosméticos

Nascida em Guaratinguetá e mãe de um filho, Patricia se formou nos EUA. Apaixonada pelo seu trabalho, diz que chegou numa fase da vida em que escolhe o que a faz mais feliz, buscando o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Sobre este ensaio, foi direto ao ponto: “Ter sido convidada aos 35 anos foi uma surpresa. Dá uma massageada no ego e ao mesmo tempo um puta frio na barriga, ainda mais que tirei fotos só com mulheres lindas e mais jovens. Mas não me senti acuada, eram vários tipos de beleza e vim mostrar o que eu sou”.

Produção: Bernardo da Mata / Styling: Lolo Aranha/ Make&Hair: Paulo Ávila / Assistente de Make&Hair: Leandro Chialastri / Assistente de foto: Fabio Xavier / Camareira: Neide Machado. Créditos de Moda: Água de coco, Damyller, Raphael Falci, Triumph e Verve / Tratamento de imagens: André Cossich

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