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Fotos da Trip Girl Thainá Zanholo

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Autumn Sonnichsen

Thainá é uma brasileira das mais brasileiras que já vi e, como toda brasileira que se preza, adora a Califórnia. Ela se mandou para lá faz uns quatro meses. A ideia era fazer um curso de cinema, e desde que chegou ela tem uma vida nova. Está mais gostosa, curtindo mais a própria pele. É um negócio bonito de ver. 

A gente se conheceu em São Paulo quando ela era estagiária do meu melhor amigo, na redação de uma revista. Já era gata, fotogênica, gostava de ser a mais linda do rolê. Namorou DJ, vivia nas festas de São Paulo e, segundo ela, envelheceu cedo. Cansou da rotina workaholic e festeira e resolveu se mandar para Los Angeles. 

Desde que chegou na Califórnia, Thainá mudou, melhorou, ficou mais sarada, mais forte. Faz curso de cinema na Ucla. Escreve. Gosta de andar de chinelo em Venice Beach e comer besteira, doces americanos cheios de açúcar e colorantes, lembranças das vontades de infância. Posta selfies com as amigas no Instagram, usa biquíni pequeno que deixa o bumbum desenhado (#marquinhadebiquinimonamour), usa batom vermelho para sair à noite, sabe lamber os dedos com um prazer enorme. É uma mulher pequena. Tem 21 anos e 1,50 metro de altura. O pé dela é do tamanho da minha mão, e a minha mão não é muito grande. 

Eu estava precisando dela, e ela precisava de mim. No dia que fotografei Thainá, eu tinha acabado de dirigir um filme de publicidade. A gravação havia durado quase três semanas. Equipe grande, mil luzes, câmeras pesadas e 40 assistentes por todos os lados. Eu estava cansada. No duro. Às vezes, nesses momentos, o ideal é alugar um carro e levar uma moça e uma câmera para o deserto da sua terra natal, e esperar o sol ficar no lugar certo. Deixar a menina chegar no quarto do hotel onde você está acampada, abrir uma mala de calcinhas, escolher a vermelha, dar para ela vestir, fazer um chá, emprestar a sua blusa favorita, pegar o carro – e ir.

Autumn Sonnichsen

Ela estava quieta, deixando a janela aberta para os cabelos ficarem ao vento. Botei aquelas músicas clássicas americanas de estrada, que ela não conhecia. Bruce Springsteen, Paul Simon, The Indigo Girls. Ela tomava chá gelado do Starbucks e me contava as histórias dos boys magia, do surfista brasileiro – os olhos dela brilhavam.

Levei Thainá para conhecer os dinossauros de Cabazón, onde meu pai me levava quando eu era criança: um T-rex e um braquiossauro em tamanho real, perdidos do lado da estrada no caminho de Palm Springs. Almoçamos comida vegana com limonada de lavanda. O GPS parou de funcionar, e a gente se perdeu. Fomos até o deserto de Joshua Tree, que ficou famoso pela foto da capa do disco do U2 e pelos hippies que tomam baldes de ácido embaixo das árvores. Ela rolou na areia, deu cambalhotas nuas, abrindo a pele para o vento.

Ela tremia de vontade. Eu, de felicidade. Nós, vibrando, na terra onde eu nasci – e que ela escolheu para viver. Outro dia ela me mandou uma mensagem. Nela, dizia: “Eu vim para cá pra me descobrir, e descobri que a Thainá gosta é de chinelo, short e camiseta”. Eu acrescentaria que ela também gosta de ficar nua no deserto, de ficar no banco traseiro do carro com os cabelos mordidos pelo vento, de se esfregar no chão desconhecido, se abrir para o infinito, deixar o coração na palma da mão, e tudo isso dizendo: estou aqui.


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